sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Palpite Errado

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Jovino era médium vidente. Percebia, freqüentemente, junto de si, simpático Espírito que se dizia seu protetor. Habituara-se a consultá-lo, em princípio a respeito de questões doutrinárias; depois, problemas pessoais; finalmente, a pretexto de qualquer assunto.

Quando adquiriu um automóvel, motorista inexperiente, incorporou a ajuda do acompanhante espiritual a partir da sua indecisão, num cruzamento movimentado, quando este lhe falou, resoluto:

- Vai que dá!

E Jovino foi... Daí em diante, encontrou no mentor um eficiente "co-piloto". Em qualquer dificuldade no trânsito, aguardava o "sinal verde":

- Vai que dá!

Certa feita, transitava por estrada acidentada quando, no alto de uma encosta, avistou enorme caminhão que iniciava a descida do outro lado, em alta velocidade. Lá embaixo havia ponte estreita, com passagem para um veículo apenas. Jovino vacilou. Daria tempo para cruzá-la antes da chegada do caminhão? O mentor veio em seu socorro:

- Vai que dá!

Confiante, o médium pisou no acelerador e desceu a encosta imprimindo velocidade ao veículo. O velocímetro atingiu rapidamente a marca dos 100 quilômetros horários, impulso aumentando sempre... No entanto, ao entrar na ponte, viu que o caminhão entrara, também, do outro lado! O choque, de conseqüências catastróficas, era inevitável! Jovino arregalou os olhos, apavorado, enquanto o mentor, ao seu lado, dizia-lhe, num murmúrio desolado:

- Xii! Acho que não vai dar, não!

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Há "mentores espirituais" cuja sabedoria não vai além da ignorância dos consulentes. Estaremos à mercê de seus palpites sempre que vulgarizarmos o intercâmbio com o Além, transformando- o em consultório de indagações pueris, relacionadas com assuntos sobre os quais nos compete decidir.

Livro: Atravessando a rua Richard Simonetti
Colaboração: Emílio Carlos dos Anjos
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Utilize seus recursos

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A maioria dos homens não vive em paz.

Estar em paz não significa apenas não fazer parte de uma guerra.

Muitas vezes não há atritos visíveis com os semelhantes, mas a criatura permanece sem sossego.

A paz interior consiste em uma harmonia preciosa e constante.

Quem desfruta desse tesouro convive bem consigo mesmo.

Por mais que enfrente dificuldades na vida, seu íntimo permanece tranqüilo.

O homem pacificado não necessita inventar distrações.

A percepção de seu mundo interior não o angustia.

A agitação da sociedade moderna evidencia quão poucos realmente desfrutam de paz.

As inovações tecnológicas gradualmente liberam o homem de tarefas repetitivas e tediosas.

Cada vez ele dispõe de mais tempo livre, mas não utiliza suas folgas para conhecer e cultivar o próprio caráter.

Na ânsia de conquistar coisas, multiplica desnecessariamente as horas de trabalho.

E nos raros momentos em que se permite ficar livre, procura distrações ruidosas e absorventes.

É como se o encontro com a própria alma fosse algo a ser evitado.

Sejam ricos ou pobres, bonitos ou feios, cultos ou iletrados, os homens procuram fugir de si próprios.

Mesmo quem reúne condições consideradas ideais para a felicidade raramente desfruta dessa situação.

As criaturas enfrentam torturas íntimas, ansiedades e complexos aparentemente injustificados.

Por mais que a vida siga tranqüila, a ausência de paz permanece.

A questão é que a verdadeira paz pressupõe a consciência tranqüila.

E tranqüilidade de consciência só tem quem está em harmonia com as leis divinas.

Todos os homens já viveram inúmeras vidas, em sua jornada pelo infinito.

Foram criados ignorantes e simples e se destinam à mais elevada sabedoria.

Para crescer em entendimento e compreensão, encarnam inúmeras vezes, em diferentes situações.

Objetivando aprender a discernir o certo do errado, dispõem da liberdade de agir.

Contudo, respondem por tudo o que fazem.

A lei humana é falha e muitos equívocos são por ela ignorados.

Mas na consciência de cada ser encontram-se registrados todos os seus atos.

Maldades cometidas contra os irmãos podem ter sido bem escondidas no passado.

Mas quem se permitiu viver o mal mantém em seu íntimo a marca da desarmonia.

Ocorre que toda vivência, mesmo marcada pelo erro, deixa a herança da experiência.

De cada refrega o homem sai amadurecido.

A cada vida ele cresce em entendimento e possibilidades.

O importante é aprender a utilizar no bem os recursos adquiridos.

Em sua primeira epístola, o apóstolo Pedro afirma: “o amor cobre a multidão de pecados”.

Os erros fazem parte do processo de aprender.

Mas apagá-los mediante o amor bem vivido propicia paz e harmonia.

Assim, utilize seus recursos no bem. Contabilize todos os tesouros que você amealhou no decorrer dos séculos:

Inteligência, sensibilidade, aptidão para falar ou escrever, habilidades as mais diversas.

Empregue tudo isso na construção de um mundo melhor.

Ao utilizar amorosamente seus talentos, você estará cumprindo a tarefa que lhe cabe no concerto da criação. E uma sublime paz habitará seu coração.

Pense nisso.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Não estás deprimido

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Não estás deprimido, estás distraído.

Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia.

Não estás deprimido, estás distraído.

Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma.

Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.

Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.

Não existe a morte, apenas a mudança.

És movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha;a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.

Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo.

E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.

Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo."

Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.

Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.

Não estás deprimido, estás desocupado.

Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.

Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.

Dá sem medida, e receberás sem medida.

E não te deixes enganar por alguns maus, por alguns homicidas e suicidas.

O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso.

Uma bomba faz mais barulho que uma carícia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.

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Enfrentamos momentos em que os pensamentos depressivos, desencorajadores parecem desejar tomar conta de tudo.

Os ombros caem... A voz baixa de tom... Os olhos já não se abrem tanto...

Tais momentos, porém, devem durar apenas o tempo da reflexão necessária, o tempo da conquista da sabedoria e, logo depois, devem ser seguidos por nova atitude.

Uma nova atitude de renovação, de mudança, que nos faz trilhar por novos caminhos, com novas forças.

De nada adianta se entregar à inércia emocional. De nada adianta a autopiedade.

Não são caminhos, são paredes que construímos à nossa frente, impedindo a nós mesmos de prosseguir.

Não nos permitamos distrair pelas mazelas da vida, esquecendo tão facilmente o bem que recebemos sempre.

Não nos deixemos desocupar, abrindo, através da hora vazia, portas e janelas para ondas de pensamento deletério que flutuam no ar.

A desocupação, a inutilidade são polos atraentes de influências perigosas, pelas quais pagaremos alto e amargo custo.

Afastemos a depressão de nosso coração. Abracemos a vida e o renascer diário com todo nosso amor.

Redação do Momento Espírita, com citação de texto de Facundo Cabral, que circula pela Internet. Em 05.10.2009.

sábado, 7 de novembro de 2009

Aborrecimentos

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Nada mais comum nas atividades terrenas do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações.

Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.

Como um campo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre.

Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de "pavio curto", libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional.

Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões feias de diversos e matizes.

Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo isso é possível de acontecer.

Contudo, você não veio à terra para fixar deficiências, mas para tratá-las, cultivando a saúde.

Você não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida.

Você não nasceu para se deixar levar pelo destempero, pela irritação que desarticula o equilíbrio, mas tem o dever de educar-se, porque tem na pauta da sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça.

Desse modo, os seus aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, já começam a provocar ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis nas almas que se encontram no mundo para dar conta de compromissos abençoados com Jesus Cristo e com Seus prepostos.

Assim, observe-se mais; conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais. Esforce-se mais por melhorar-se.

Resista um pouco mais aos impulsos da fera que ainda ronda as suas experiências íntimas.

Aproxime-se um pouco mais dos Benfeitores Espirituais que o amparam.

Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir.

Diante da rebeldia de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo.

Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas conseqüências danosas, a fim de não fazer o mesmo.

Cada esforço que você fizer por melhorar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso, para que, pouco a pouco, mas sempre, você se cresça e se ilumine, fazendo-se vitorioso cooperador com Deus, tendo-se superado a si mesmo, transformando suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura.

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Quando você for visitado por uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponha-se a ela.

E, quando houver conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, diga, de si para consigo, cheio de justa satisfação: "fui o mais forte."

Adaptação do cap. 13 do livro "Para uso diário", ed. Fráter Livros Espíritas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Simplicidade da Doutrina Espírita

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Robinson Soares Pereira

Nos tempos atuais, em que a humanidade parece vagar sem rumo e as desilusões da vida têm feito muitas vítimas na área psicológica, é cada vez maior o número de pessoas que procuram as Instituições Espíritas, como “última tentativa” de amenização para seus problemas.

Como ensinou Jesus, em várias passagens nas quais Ele empreendeu a cura dos atormentados, sempre dizendo: — “A tua fé te salvou! De outra vez não tornes a pecar!”

Da mesma forma, a Doutrina Espírita alerta que a fé tem que ser “raciocinada” e forte o suficiente para mover as montanhas da nossa inoperância diante das dificuldades da vida. Ela nos mostra, através dos ensinos, que a reforma vem de dentro para fora com a reforma interior, que transformará os vícios que nos desequilibram em virtudes que nos proporcionarão o equilíbrio desejado. Nisso consiste o não “pecar” novamente.

O problema é que algumas Casas Espíritas vão perdendo de vista esta simplicidade do tratamento que Jesus imprimia aos necessitados e inventam “formas” de auxílio que não condizem com o funcionamento de tais Casas e até o complicam.

Não podemos olvidar que tratamentos experimentais e mesmo os comprovados cientificamente cabem a consultórios médicos, clínicas especializadas, hospitais, etc. Daí, o perigo de trazer para dentro das Instituições Espíritas: aplicações de luzes, pomadas, remédios alopáticos sem prescrição médica e outros do gênero, práticas que podem, até mesmo, gerar problemas legais de implicações nefastas para dirigentes e para as próprias Instituições.

É imperioso retornarmos à edificação das pessoas, principalmente pelo ensino através das palestras, dos estudos, da evangelização infanto-juvenil, das tarefas de assistência social, das conversações edificantes e orientações com base nos postulados espíritas, utilizando, ainda, os tratamentos consagrados pelo Espiritismo, tais como: reuniões de desobsessões, fluidoterapia (passe e água fluidificada), irradiações a distância...

Não nos deixemos levar por essas “inovações”, trazidas pelos “novidadeiros” que conhecem superficialmente o Espiritismo em toda a sua simplicidade e essência cristã. Não obstante os avanços científico e tecnológico, que nos conduzem ao progresso também dentro das Casas Espíritas, nunca é demais repetir que a cura verdadeira dá-se com a modificação de nossa atitude mental e, consequentemente, das nossas ações. Só assim, seremos melhores e não curados “aparentemente” para, mais tarde, cairmos novamente e até em situação bem pior.

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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Evangelho no Lar

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Segundo Emmanuel:

Quando os Ensinamentos de Jesus vibram entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequenos sacrifícios tecem a felicidade comum.

A observação insensata é ouvida sem revolta. A calúnia é recebida com calma. O erro alheio encontra compaixão. A maldade não encontra brecha para insinuar-se.